Clube do Livro 451

A revista dos livros criou um clube de livros. Grandes livros para grandes leitores. Diferentes assuntos para leitores onívoros como você.

A assinatura inclui a edição do mês da revista dos livros, uma obra recém-lançada — escolhida por nossos editores — e o frete para qualquer localidade do país. Assine aqui.

Em março, os assinantes do Clube 451 vão receber um exemplar de Contra fogo, do escritor Pablo L. C. Casella, publicado pela Todavia.

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Livro de Março/2024

Contra fogo. Pablo L. C. Casella.
Todavia • 320 pp • R$ 79,90

Romance de estreia do escritor paulista, que trabalha como analista ambiental do Instituto Chico Mendes na Bahia. O livro narra a luta de alguns brigadistas voluntários que, munidos de equipamentos precários, arriscam suas vidas para combater os incêndios criminosos que devastam a fauna e a flora da Chapada Diamantina, e que precisam conciliar essa atividade não remunerada com seus compromissos familiares e profissionais.

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Livro de Fevereiro/2024

O gaucho insofrível. Roberto Bolaño.
Trad. Joca Reiners Terron • Companhia das Letras • 152 pp • R$ 69,90

Coletânea que reúne cinco contos e duas conferências do grande escritor chileno (1953-2003), que retratam os traumas de um continente enfermo, assolado pela desigualdade social, pela violência política e por sucessivos golpes de Estado, e povoado por agentes da repressão e exilados dentro de seu próprio país, por famílias arruinadas pelas crises econômicas e poetas de produções perdidas e nunca publicadas, por caçadores de óvnis e de aparições de santos. Leia aqui a resenha de Schneider Carpeggiani sobre o livro publicada na presente edição da Quatro Cinco Um.

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Livro de Janeiro/2024

Essa coisa viva. Maria Esther Maciel.
Todavia • 128 pp • R$ 59,90/39,90

O novo romance da escritora e ensaísta mineira dá sequência a um projeto literário iniciado com O livro de Zenóbia (Lamparina, 2004) e que prosseguiu com O livro dos nomes (Companhia das Letras, 2008), mas que ficou suspenso por muitos anos devido aos problemas de saúde da autora e de sua família, e só foi retomado durante a pandemia. O livro versa sobre os traumas de uma botânica de renome internacional em relação a uma figura materna infeliz e cheia de obsessões. Apesar do rancor pelo comportamento destrutivo da mãe, a narradora carrega também um grande sentimento de culpa após a morte de sua algoz.

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Livro de Dezembro/2023

Floresta de lã e aço. Natsu Miyashita.
Trad. Eunice Suenaga • Editora Zain • 200 pp • R$ 69,90

Publicado originalmente em 2015, este romance conquistou o Japan Booksellers’ Award de 2016 (entre outras vencedoras, Yoko Ogawa ganhou em 2004, Riku Onda em 2005 e Kanae Minato em 2009) e, dois anos depois, ele foi vertido para o cinema pelo diretor Kojiro Hashimoto. O livro narra a história do jovem Tomura, que fica fascinado pelo som de um piano e começa a aprender o ofício de afinador em uma loja de instrumentos. Ele se empenha muito em obter a melhor sonoridade possível da cada piano, mas vive atormentado por dúvidas e pelo medo do fracasso. Mas, ao trabalhar no piano de duas gêmeas, percebe que não existe o som perfeito, pois a afinação precisa levar em conta o ambiente em que o instrumento foi colocado e as próprias características do músico que irá tocá-lo.

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Livro de Novembro/2023

Onde vivem as monstras. Aoko Matsuda.
Trad. Rita Kohl • Gutenberg • 224 pp • R$ 64,90

Coletânea de contos que revisitam as tradicionais histórias folclóricas japonesas de uma perspectiva feminista e muito bem-humorada. Ganhadora do World Fantasy Award em 2021, a escritora traz uma série de narrativas fantásticas, em que fantasmas espirituosas prestam diversos serviços úteis às pessoas, enquanto revelam a natureza profunda dessas figuras.

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Livro de Outubro/2023

Natureza urbana. Joana Bértholo.
Dublinense • 64 pp • R$ 49,90

Semifinalista da presente edição do prêmio Oceanos (com A história de Roma, ainda não lançado no Brasil), a escritora portuguesa narra o caso de uma mulher que, depois da morte da mãe e da perda do emprego, decide se livrar de tudo aquilo que não era essencial. Reduzindo suas necessidades materiais, ele se dedica a observar com atenção a paisagem urbana que a envolve e repensar sua relação com a natureza.

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Livro de Setembro/2023

Vou mudar a cozinha. Ondjaki.
Pallas  80 pp

O livro reúne seis contos ambientados no Brasil, Angola, Macau e Sérvia sobre encontros inesperados, sonhos perturbadores e desejos trágicos: “A mosca e o ladrão”, “Menina no caminho”, “Vaca vermelha”, “Um vento que chegava aos sonhos”, “Cinco sopros ou a virtude do silêncio” e “Vou mudar a cozinha”. A narrativa que dá título ao livro foi vertida para o cinema no ano passado pelo próprio Ondjaki, numa película em preto e branco. Traz Renata Torres no papel principal, de uma viúva traumatizada pela guerra civil de Angola, que reflete sobre a sua vida durante o conflito e o que pode aguardar do futuro.

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Publicação de Agosto/2023

Granta em língua portuguesa 10: o outro.
Tinta-da-China Brasil • 216 pp

Granta em língua portuguesa 10: o outro, publicada pela Tinta-da-China Brasil (selo editorial da Associação Quatro Cinco Um) sob a direção editorial de Pedro Mexia (Portugal) e Gustavo Pacheco (Brasil). A Granta traz em seu décimo volume contos, ensaios, trechos de romance e ensaios visuais atravessados pelo conceito de alteridade. A revista abre com um trecho de Still Pictures, livro póstumo de Janet Malcolm, no qual ela conta histórias de sua origem checa e sua situação de imigrante. Ernesto Mané contribui com um excerto do seu livro Eu sou o outro do outro, misto de ensaio, diário de viagem e relato autobiográfico a ser publicado em 2024 pela Tinta-da-China Brasil. Seguem-se contos e ensaios de Valério Romão, Marta Hugon, Adam Dalva, César Aira, Olavo Amaral, Isabela Figueiredo, Natércia Pontes, Ali Smith, Teresa Veiga, Aparecida Vilaça, Francesca Wade e ensaios fotográficos de Mag Rodrigues e Eduardo Viveiros de Castro.

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Livro de Julho/2023

Rádio imaginação. Seiko Ito.
Trad. Rita Kohl • Companhia das Letras • 184 pp

Publicado em 2013 pelo escritor, rapper e ator japonês Seiko Ito, o romance conquistou o prêmio Noma e foi indicado ao prestigioso Akutagawa. Sua trama se desenvolve após o terremoto de 2011, que provocou um tsunami que matou quase 20 mil pessoas e atingiu a usina nuclear de Fukushima. Surge uma estranha transmissão radiofônica, feita por um locutor que recebe chamadas de pessoas que parecem ser os mortos pela catástrofe.

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Livro de Junho/2023

Gênero queer. Maia Kobabe.
Trad. Clara Rellstab • Tinta-da-China Brasil  240 pp

Gênero queer: memórias é a graphic novel em que Kobabe narra seu processo de questionamento, transição e afirmação, descobrindo novas maneiras de conectar seu corpo à sua identidade de gênero e sexualidade, até adotar o gênero queer. Lançada em 2019, a HQ ganhou os prêmios Stonewall e American Library Association  e se tornou um best-seller. É o livro mais censurado nos Estados Unidos nos dois últimos anos.

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Livro de maio/2023

Homens ao sol. Ghassan Kanafani.
Tabla  104 pp

Publicada em 1963, a primeira novela do escritor e ativista político palestino (assassinado em Beirute em 1972) narra a história de três homens atingidos pela Nakba (catástrofe) de 1948, quando centenas de milhares de palestinos foram expropriados de suas casas e terras e obrigados a buscar refúgio em outros países. Eles tentam cruzar o deserto do Iraque com a ajuda de contrabandistas para chegar ao Kuwait em busca de trabalho e de uma nova vida. O romance é publicado no Brasil pela editora Tabla com tradução de Safa Jubran.

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Livro de abril/2023

Louças de família. Eliane Marques.
Autêntica • 280 pp

O primeiro romance da poeta gaúcha, que é também psicanalista, editora e tradutora, começa com a morte da empregada doméstica tia Eluma. Quem pagará o velório dessa mulher criada no batuque, mas que morre na Igreja Universal? De tia Eluma a narradora puxa o fio de sua própria história, buscando entender histórias de ancestrais para curar feridas da escravidão.

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Livro de março/2023

As mulheres do meu pai. José Eduardo Agualusa.
Tusquets  336 pp

O sétimo romance do escritor angolano – autor dos premiados O vendedor de passados (2004) e Teoria geral do esquecimento (2012) – está centrado na cineasta portuguesa Laurentina, que descobre ser filha biológica de um grande compositor angolano, que acabara de morrer. Decidida a reconstruir a trajetória de seu pai, ela viaja com seu namorado para a África para conhecer os lugares em que viveu e vai aos poucos descobrindo a identidade cultural dos africanos.

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Livro de fevereiro/2023

O custo de vida. Deborah Levy 
Autêntica Contemporânea • 120 pp

Ganhador do prêmio francês Femina Étranger 2020, o segundo volume de sua trilogia Autobiografia viva (integrada também por Coisas que não quero saber e Bens imobiliários), a autora sul-africana reflete sobre os abalos em sua rotina ao atingir seus cinquenta anos: sua mãe morreu, seu casamento acabou, sua renda diminuiu, suas filhas estão começando a deixar seu lar. Em um momento em que ela esperava ter alcançado um pouco mais de tranquilidade e previsibilidade, precisa enfrentar as tempestades e encontrar um novo sentido para sua vida.

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Livro de janeiro/2023

Filho de Jesus. Denis Johnson
Todavia • Trad. Ana Guadalupe • 123 pp

Coletânea de contos publicada em 1992 pelo autor americano que o projetou nacionalmente – e foi levada ao cinema pelo diretor Alison Maclean em 1999 (com Billy Crudup, Samantha Morton, Holly Hunter, Dennis Hopper e Jack Black, e com o próprio escritor numa aparição relâmpago). Filho de um funcionário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Johnson nasceu em Munique, na Alemanha Ocidental, em 1949, e viveu nas Filipinas e no Japão antes de sua família voltar aos Estados Unidos. Estreou na literatura com os poemas de The man among seals em 1969, alcançou certo prestígio com seu primeiro romance, Angels, em 1983, e conquistou o National Book Award em 2007 por Árvore de fumaça. Filho de Jesus (cujo título se inspira na canção Heroin, de Lou Reed, gravada pelo Velvet Underground em 1967) traz onze histórias narradas por um personagem anônimo que descreve viciadas em drogas e álcool, que vagam por bares e motéis baratos, topando com outras figuras desesperadas.

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Livro de dezembro/2022

Sou uma tola por te querer. Camila Sosa Villada
Planeta/Tusquets • 208 pp

Camila Sosa Villada ganhou o Prêmio Sor Juana Inés de la Cruz de 2020 por seu romance O parque das irmãs magníficas (Planeta/Tusquets), que foi resenhado por Amora Moira na edição 48 da revista dos livros. Em seu novo lançamento, a escritora e atriz argentina reúne nove contos sobre personagens complexos e intrigantes, como uma mulher que ganha a vida como namorada de aluguel de homens gays ou duas travestis que conhecem Billie Holiday em uma boca de fumo no Harlem e a protegem de um violento Louis Armstrong. O livro foi lançado durante a Flip 2022.

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Livro de novembro/2022

Granta em língua portuguesa: Rússia (vol. 9)
Tinta-da-China Brasil • 316 pp

A edição temática da revista sobre a Rússia havia sido escolhido antes da invasão ucraniana e foi mantido por decisão dos editores: Pedro Mexia (Portugal) e Gustavo Pacheco (Brasil). Os escritos jogam luz sobre o czarismo, a revolução, o stalinismo, o fim da União Soviética e também sobre as missões espaciais e as vanguardas artísticas. Textos de: Amor Towles, Ana Matoso, André Sant’Anna, António Pescada, Camila Chaves, Clara Drummond, Colin Thubron, Elif Batuman, Hélia Correia, José Pacheco Pereira, Ludmila Ulitskaya, Masha Gessen, Orlando Figes, Pepetela, Reginaldo Pujol Filho e Tatiana Tolstaya. Os ensaios fotográficos são de Mauro Restiffe e Mariana Viegas.

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Livro de outubro/2022

Moderato cantabile. Marguerite Duras.
Trad. Adriana Lisboa • Relicário • 136 pp

Romance escrito em 1958 que marcou um ponto de virada na obra de Duras. A escritora abandonou as tramas autobiográficas e as descrições psicológicas, reduziu drasticamente o papel do narrador e passou a se concentrar numa prosa enigmática e rarefeita, fragmentária e instigante, ao estilo do chamado Nouveau Roman — o que levou Alain Resnais a lhe pedir o roteiro de Hiroshima mon amour. O romance está centrado na relação de uma mulher jovem e rica, entediada, muito ligada a seu filho, que se depara com um crime de autoria desconhecida. O livro foi filmado em 1960 pelo diretor britânico Peter Brook, com Jeanne Moreau e Jean-Paul Belmondo nos papéis principais (Moreau ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes).

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Livro de setembro/2022

Direito à vagabundagem: as viagens de Isabelle Eberhardt. Paula Carvalho (org.).
Trad. Mariana Delfini • Fósforo • 280 pp

Coletânea dos textos da escritora suíça que aos vinte anos viajou para a Argélia e, ao longo de sete anos, viveu como andarilha. Eberhardt perambulou pelo Magrebe, escrevendo textos para a imprensa francesa sobre o cotidiano e os costumes árabes do norte da África, com críticas agudas à dominação francesa. Trajando vestimentas de um estudante árabe e sob o nome de Sid Mahmoud Saadi, frequentava lugares destinados aos homens e se comportava como um. Mas ela também se casou com um soldado argelino e ainda mantinha o nome de Isabelle Eberhardt, vivendo como um homem e uma mulher ao mesmo tempo. Convertida ao Islã, morreu tragicamente em 1904.

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Livro de agosto/2022

Flores de verão. Tamiki Hara 
Tinta-da-China Brasil • 136 pp

No dia 6 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram sobre Hiroshima uma bomba atômica que devastou a cidade e matou dezenas de milhares de pessoas. Sobrevivente da catástrofe, o escritor Tamiki Hara narra neste livro impressionante os momentos de antes, durante e depois da explosão: o esforço de guerra da população de Hiroshima nos meses anteriores, o clarão fatal que fulminou num instante todas as pessoas, animais, plantas e coisas que foram expostos a ele, e os difíceis dias de recuperação que se seguiram à explosão. Salvo por estar no banheiro no momento da detonação, Hara descreve tudo o que viu naqueles dias terríveis, encontrando as vítimas em desespero pelas ruas, parques e pelo rio que marca a geografia de Hiroshima. Flores de Verão é um clássico da literatura japonesa do século 20 que ganha sua primeira tradução para o português, feita do original japonês por Jefferson José Teixeira. Segundo o Nobel de Literatura Kenzaburo Oe, Tamiki Hara é “o escritor japonês que melhor retratou a experiência da bomba atômica”.

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Livro de julho/2022

Estar vivo machuca. Ricardo Araújo Pereira.
Tinta-da-China Brasil • 256 pp

Estar vivo machuca, de Ricardo Araújo Pereira, publicado pela Tinta-da-China Brasil, editora da Associação Quatro Cinco Um, reúne suas melhores crônicas publicadas na revista portuguesa Visão e no jornal Folha de S.Paulo. A coletânea traz reflexões que vão desde intolerâncias alimentares contemporâneas até o eterno complexo de Édipo. Nada escapa ao olhar afiado do autor português que é, hoje, a maior referência do humor em Portugal. A seleção foi feita por Gustavo Pacheco e o livro tem prefácio de Tati Bernardi.

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Livro de junho/2022

Sul e oeste. Joan Didion.
HarperCollins • 128 pp

Sul e oeste, de Joan Didion (HarperCollins), traz observações e entrevistas de uma viagem que fez em junho de 1970 para conhecer o sul dos Estados Unidos, passando por Alabama, Louisiana e Mississipi, entrelaçadas a testemunhos da Califórnia, onde vivia na época. O estilo é marcado pela ausência de interpretações e riqueza das descrições — calor sufocante, paisagens desérticas, motéis de beira de estada —, anotadas por Didion em seus diários da época — ela mantinha esse hábito — para uma reportagem que nunca se materializou. Em 2017, as entradas foram transformadas em livro, que em junho de 2022 ganha versão brasileira.

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Livro de maio/2022

Ela se chama Rodolfo, de Julia Dantas.
DBA • 264 pp

Finalista dos prêmios Açorianos e São Paulo de Literatura com Ruína y leveza (Não Editora, 2015), a escritora e tradutora gaúcha lança agora seu segundo romance, Ela se chama Rodolfo. O livro está centrado em Murilo, filho de uma faxineira e de um pai feirante, que trabalha como porteiro no turno da noite. Vive um relacionamento em crise com a namorada, que o acusa de ser sensível de mais e homem de menos. Ele se muda para um novo apartamento e fica surpreso ao encontrar no local uma pequena tartaruga verde deixada por Francesca, a antiga dona do imóvel. A tartaruga se chama Rodolfo. Murilo entra em contato com Francesca, uma mulher misteriosa que lhe pede que leve a tartaruga para outra pessoa em Porto Alegre. Parecia uma tarefa fácil. Mas vira uma aventura espantosa.

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Livro de abril/2022

Sobrevidas, de Abdulrazak Gurnah.
Trad. Caetano W. Galindo • Companhia das Letras • 336 pp

Publicado em 2020, o romance do escritor tanzaniano (ganhador do Nobel de 2021) tem como pano de fundo os traumas provocados pelo domínio europeu na África. No início do século 20, quase uma década depois que a Alemanha invadiu a Tanzânia, um contador e sua mulher estão tentando ter seu primeiro filho no litoral, onde conhecem africanos que tinham sido arrancados de suas famílias para servir nas tropas coloniais num momento em que a Alemanha estava empenhada em sufocar uma rebelião no interior (que deixou 300 mil mortos). Gurnah descreve as dificuldades desses personagens em meio às atrocidades do entre-guerras.

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Livro de março/2022

Pagu no metrô, de Adriana Armony
Nós

Autora dos romances Estranhos no aquário (2012) e A feira (2017), a escritora e crítica literária carioca constrói, baseada em pesquisas nos arquivos franceses, um relato semificcional sobre o período em que Patrícia Galvão viveu em Paris, entre 1934 e 1935. Lá, ela frequentou o círculo dos escritores surrealistas e da Universidade Popular, onde ensinavam professores da Sorbonne, e morou no apartamento de Elsie Houston, esposa do escritor Benjamin Péret. Filiou-se ao Partido Comunista Francês, participou de manifestações políticas nas quais foi ferida (ficou três meses no hospital) e, por causa disso, presa. Ameaçada de deportação para a Alemanha, foi salva pelo embaixador Souza Dantas, que conseguiu repatriá-la para o Brasil sem condenação.

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Livro de fevereiro/2022

O verão selvagem dos teus olhos, de Ana Teresa Pereira
Todavia • 112 pp

Autora de Karen (vencedor do prêmio Oceanos de 2017), a escritora da Ilha da Madeira reelabora a trama psicológica do romance Rebecca (1938), de Daphne du Maurier, que deu origem ao célebre suspense psicológico de Alfred Hitchcock (1940), estrelado por Joan Fontaine e Laurence Olivier. A releitura de Ana Teresa Pereira apresenta o ponto de vista da própria Rebecca, uma mulher difamada e diabolizada, o que permite que o leitor conheça a sua história e compreenda os motivos pelos quais ela continua a assombrar o castelo do marido.

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Livro de janeiro/2022

Esse cabelo, de Djaimilia Pereira de Almeida
Todavia. 104 pp.

Publicado em 2015, o livro que assinalou a estreia da escritora portuguesa (nascida em Angola) recebeu o prêmio Novos e acaba de ganhar nova edição pela editora Todavia. Esse cabelo narra a trajetória de Djaimilia da infância à idade adulta a partir das experiências boas e ruins envolvendo seu cabelo crespo, herdado dos antepassados africanos. Djaimilia também é autora de Luanda, Lisboa, Paraíso e A visão das plantas e colunista da Quatro Cinco Um. Em 2019, recebeu o prêmio Oceanos.

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Livro de dezembro/2021

As doenças do Brasil, de Valter Hugo Mãe
Biblioteca Azul. 208 pp.

Com artes de Denilson Baniwa e prefácio de Conceição Evaristo, o livro é uma homenagem às pessoas da terra brasileira: os que aqui já estavam e os que vieram forçados; ambos fogem da fúria que extermina todos aqueles que não consegue escravizar. Ao contrário dos registros históricos sobre a colonização, o livro de Valter Hugo Mãe coloca a pessoa indígena no centro da narrativa, ao contar sob sua ótica percepções sobre a invasão e o genocídio promovido pelo europeu. Para isso, cria uma linguagem, um povo e uma visão de mundo com personagens e cenários marcantes, em um romance exuberante e carregado de densidade lírica.

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Livro de novembro/2021

Agora veja então, de Jamaica Kincaid 
Tradução de Cecília Floresta. Alfaguara/Companhia das Letras. 144 pp.

Nascida em 1949 na então colônia inglesa de Antígua, Elaine Potter Richardson emigrou para os Estados Unidos quando tinha 17 anos. Estudou fotografia e adotou o nome de Jamaica Kincaid em 1973, quando começou a escrever para revistas, tornando-se uma colaboradora regular da New Yorker. Publicou seu primeiro livro de contos (At the Bottom of the River) em 1983, e seu primeiro romance (Annie John) em 1985, ganhando uma série de prêmios literários (Guggenheim, Lannan, Femina, Anisfield-Wolf, Clifton Fadiman Medal, Dan David Prize). Lançado em 2013, Agora veja então narra o colapso de uma “família feliz”, quando o sr. Sweet — um músico pretensioso — decide trocar sua esposa escritora, a sra. Sweet, por uma mulher mais jovem. O livro foi escrito após seu difícil processo de separação do compositor Allan Shawn, que se casou com uma jovem pianista.

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Livro de outubro/2021

Trapaça no Harlem, Colson Whitehead.
Tradução de Rogerio Galindo. Harper Collins. 416 pp.

Oitavo romance do escritor americano, Trapaça no Harlem começou a ser escrito antes mesmo de O reformatório Nickel (2019), que lhe rendeu seu segundo Prêmio Pulitzer de ficção (o primeiro veio com The Underground Railroad, de 2017). Mas só foi concluído durante a quarentena imposta pela pandemia em Nova York. Seu protagonista é Ray Carney, o pacato dono de uma loja de móveis usados, que acaba sendo envolvido por seu primo num assalto no hotel Theresa, como receptador. Ele conhece então um Harlem subterrâneo, povoado por mafiosos e policiais corruptos.

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Livro de setembro/2021

Dez dias num hospício, Nellie Bly.
Tradução de Ana Guadalupe. Fósforo. 112 pp.

No século 19, Elizabeth Jane Cochrane passou dez dias infiltrada como interna em uma instituição psiquiátrica com o objetivo de expor os maus-tratos infligidos às pacientes. Sob o pseudônimo de Nellie Bly, escreveu uma série de reportagens para o jornal New York World, de Joseph Pulitzer (o editor que deu nome ao famoso prêmio literário), narrando como enfermeiras e funcionárias sádicas batiam nas internas, serviam comida estragada e forçavam as mulheres a ficar imóveis por horas a fio, passando frio, enquanto os médicos permaneciam indiferentes. As reportagens levaram o governo de Nova York a instaurar uma investigação e a destinar 1 milhão de dólares a mais por ano para o tratamento dos doentes mentais. Leia resenha.

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Livro de agosto/2021

Não é um rio, Selva Almada.
Tradução de Samuel Titan Jr. Todavia. 96 pp.

A autora argentina Selva Almada vem sendo reconhecida como uma das vozes mais originais da literatura latino-americana contemporânea. Com uma prosa precisa e econômica, as histórias de Almada têm como ambiente o mundo interiorano, onde a violência, os laços familiares e os costumes predominam. Não é um rio narra uma pescaria entre três homens e trata de uma história de amizade, segredos e a complexidade com que se forjam os afetos.

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Livro de julho/2021

O parque das irmãs magníficas, Camila Sosa Villada.
Tradução de Joca Reiners Terron. Tusquets. 208 pp.

A atriz, cantora e escritora argentina retrata a difícil vida de um grupo de travestis no Parque Sarmiento, em Córdoba, cidade repleta de igrejas e extremamente conservadora. Expulsas de suas casas, elas se veem forçadas a se prostituir para sobreviver e sofrem com a violência da polícia e dos clientes. Em 2020, o livro recebeu o prestigioso prêmio Sor Juana Inés de la Cruz, outorgado pela Feria Internacional del Libro de Guadalajara (FIL).

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Livro de junho/2021

Doramar ou a odisseia: histórias, Itamar Vieira Junior.
Todavia. 160 pp.

A nova ficção do autor soteropolitano de Torto Arado reúne doze contos, alguns desses inéditos, sobre personagens que representam a multiplicidade cultural do Brasil e que experienciam heranças do passado escravocrata e colonial do país. Geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos, Itamar Vieira Junior narra as tradições, as crenças e os cotidianos desses personagens em um diálogo com nossas questões sociais e a tradição literária brasileira.

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Livro de maio/2021

O Lugar, da Annie Ernaux.
Fósforo. 72 pp.

A obra, inédita no Brasil, trouxe fama a consagrada escritora francesa Annie Ernaux. Em um mergulho na história de vida de seu pai, a autora traça um panorama das relações familiares e de classe da França do século 20. Através da combinação de uma história pessoal e análise sociológica, Ernaux cria uma autosociobiografia que tornou-se um clássico moderno, humano e original. Leia resenha.

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Livro de abril/2021

O projeto Decamerão: 29 histórias da pandemia. Diversos autores. 
Rocco. 336 pp.

Antologia com 29 contos encomendados pela The New York Times Magazine para grandes escritores da atualidade durante a pandemia da Covid-19. Entre os autores estão Margaret Atwood, Mia Couto, Leïla Slimani, Alejandro Zambra, Colm Tóibín e Charles Yu, além do brasileiro Julián Fuks. Os textos, originalmente publicados on-line, também têm como inspiração as cem histórias reunidas por Giovanni Boccaccio durante a peste retratada em O Decamerão (1353). Leia resenha.

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Livro de março/2021

A visão das plantas. Djaimilia Pereira de Almeida.
Todavia. 88 pp.

A visão das plantas, livro de Djaimilia Pereira de Almeida — autora de Esse cabelo (2017) e de Lisboa, Luanda, Paraíso (2019, ganhador do Prêmio Oceanos) e colunista da Quatro Cinco Um — narra o regresso de Celestino, um pirata atormentado com um passado de violência atroz, a sua casa, que agora se lhe apresenta bastante diferente. Em seu jardim ele encontrará uma nova razão de viver. Com frases envolventes, o livro provoca uma reflexão sobre nossa moralidade e a indiferença da natureza a ela. Leia resenha.

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Livro de fevereiro/2021

Notas para uma definição do leitor ideal. Alberto Manguel.
Edições Sesc São Paulo. 168 pp.

Notas para uma definição do leitor ideal é um livro inédito de Alberto Manguel que reúne vinte e quatro ensaios, parte adaptações de discursos proferidos pelo autor em conferências e congressos e parte artigos publicados em jornais como The New York Times e El País. Os textos retratam, das mais diversas maneiras e pelos mais diversos ângulos, a relação entre livros e leitores, que parece ser o âmago dessa e de outras publicações desse argentino naturalizado canadense. A escrita de Manguel parece a de um jovem apaixonado que acabou de descobrir a literatura, mas sem abrir mão da sabedoria, do rigor e, também, do posicionamento político que acumulou durante décadas.

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Livro de janeiro/2021

Vida à venda. Yukio Mishima.
Estação Liberdade.

“Vendo minha vida. Use-a como quiser. Homem de 27 anos. Garanto sigilo. Tranquilidade absoluta.”
Uma viagem ácida e divertida sobre o valor da vida. Ou, mais do que isso, sobre a vida e a morte à margem dos dias e do desencantamento. Tema constante em sua obra, a morte aparece em Vida à venda como um acinzentar da alma, sem que seja, necessariamente, um pesar.

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Livro de dezembro/2020

Carta à Terra. E a Terra responde. Geneviève Azam.
Relicário Edições.164 pp.

Com um arsenal de referências científicas, culturais e filosóficas, a economista francesa escreve uma carta ao planeta, que responde em primeira pessoa. No prefácio à edição brasileira, Azam comenta a Covid-19 e a reação política internacional: “Não é de surpreender que os déspotas, grandes e pequenos, não consigam se ajustar a essa situação, assim como ocorre quando se trata do aquecimento global ou da extinção das espécies vivas”. Traduzido por Adriana Lisboa, o livro é prefaciado por Ailton Krenak.

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Livro de novembro/2020

Nós, mulheres. Rosa Montero.
Todavia. 288 pp.

Uma jornada esclarecedora pela antologia universal de mulheres que, por bem ou por mal, fizeram história sem que a própria História se ocupasse delas. Claro que grandes e célebres figuras estão presentes. Agatha Christie, Simone de Beauvoir e Frida Kahlo, nomes incontornáveis da literatura e das artes. Mas também figuras que, ainda hoje, são menos conhecidas — e que, no entanto, merecem ter seus feitos difundidos. É o caso, por exemplo, de Mary Anning, primeira paleontóloga da História, e Juana Azurduy, que liderou exércitos contra os espanhóis. Além de muitas outras: nas ciências, nas artes, na política e nos costumes.

Uma revigorante viagem pela história das mulheres que marcaram o mundo.

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Livro de outubro/2020

Notas de um filho nativo. James Baldwin.
Tradução de Paulo Henriques Britto. Companhia das Letras. 248 pp.

Publicada originalmente em 1955, esta reunião de ensaios escritos entre as décadas de 1940 e 1950 é a primeira obra de não ficção do autor de O quarto de Giovanni. O que mais impressiona nesses testemunhos — narrados com inteligência, sensibilidade e estilo extraordinário — é sua atualidade. Ao usar como matéria-prima sua própria experiência para refletir sobre o que representa ser um escritor negro e homossexual nos Estados Unidos, seu país de origem, e em Paris, cidade onde viveu por muitos anos, Baldwin oferece um poderoso e urgente depoimento sobre direitos civis.
O volume inclui o prefácio à edição de 1984, assinado por Edward P. Jones, posfácios de Teju Cole e Paulo Roberto Pires e um alentado “Sobre o autor”, por Marcio Macedo.

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Livro de setembro/2020

Onde aterrar? Como se orientar politicamente no Antropoceno. Bruno Latour.
Tradução de Marcela Vieira. Editora Bazar do Tempo. 160 pp.

Lançado em 2017, logo após as vitórias de Trump e do Brexit, o ensaio mostra a conexão entre o colapso ecológico, o aumento da desigualdade social e a desregulamentação da economia mundial após a queda do Muro de Berlim. Para Latour, é impossível entender a ascensão dos populismos sem colocar a questão climática no centro da análise.

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Livro de agosto/2020

Viagem ao redor do meu quarto. Xavier de Maistre.
Tradução de Veresa Moraes. Posfácio de Enrique Vila-Matas. Editora 34. 88 pp.

Referência para Nietzsche, Machado de Assis e Susan Sontag, essa breve autobiografia, publicada pela primeira vez em 1795, faz uma paródia de vários gêneros literários. Escrito por de Maistre ao longo de 42 dias de confinamento após uma infidelidade pré-carnavalesca, o livro é uma leitura para os nossos tempos.

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Livro de julho/2020

Sub/emerso. Bob Wolfenson.
Ipsis. 48 pp.

O livro recupera parte do acervo fotográfico de Bob Wolfenson, inundado em fevereiro deste ano, com design de Pedro Gerab, trazendo à tona novos significados para as imagens danificadas — e recriadas — pelas águas sujas do rio Pinheiros.

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Livro de junho/2020

Segredos. Domenico Starnone.
Tradução de Mauricio Santana Dias. Editora Todavia. 152 pp.

Lançado na Itália no ano passado, o novo romance do escritor Domenico Starnone (ganhador do prêmio Strega, o mais importante do país) narra o relacionamento tempestuoso de um jovem professor de literatura com sua ex-aluna. Um dia, após uma briga que parecia irreparável, eles fazem as pazes e selam um pacto: cada um deveria contar ao outro seu segredo mais terrível.

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Livro de maio/2020

Wabi-sabi. Para artistas, designers, poetas e filósofos. Leonard Koren.
Tradução de Marília Garcia. Cobogó. 108 pp.

“O wabi-sabi é a beleza das coisas imperfeitas, transitórias e incompletas. É a beleza das coisas modestas e simples. É a beleza das coisas não convencionais.” Assim começa este ensaio sobre o intraduzível sentimento de beleza próprio da cultura japonesa, que passa pela estética da cerimônia do chá, pelo design, pela poesia e pela filosofia budista.

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Livro de abril/2020

Falso espelho. Jia Tolentino.
Traducão de Carol Bensimon. Todavia. 368 pp.

Ao longo de nove ensaios inéditos, a repórter da New Yorker investiga questões de autoimagem e autoengano numa sociedade que tem a internet como órgão central. Expoente da geração millennial, ela empossa a voz de sua geração para explorar temas como religião, casamento, reality shows, drogas psicoativas e a eleição de Trump enquanto reflete sobre a dificuldade de enxergar a si mesmo em um mundo assolado pela hiperexposição.

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Livro de março/2020

Simone de Beauvoir, uma vida. Kate Kirkpatrick.
Tradução de Sandra Martha Solinsky. Crítica/Grupo Planeta

Nova biografia da filósofa e escritora francesa, autora de O segundo sexo. Kate Kirkpatrick se beneficiou da divulgação dos diários de seus ex-alunos e, sobretudo, de sua correspondência com o editor-chefe da revista Les Temps Modernes, Claude Lanzmann, que só veio a público em 2018. 416 pp. R$ 69,90

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Livro de fevereiro/2020

A tragédia de Hamlet: príncipe da Dinamarca. William Shakespeare.
Tradução de Bruna Beber. Ubu. 304 pp.

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Livro de janeiro/2020

A menininha do hotel Metropol: minha infância na Rússia comunista. Liudmila Petruchévskaia.
Tradução de Cecília Rosas. Companhia das Letras. 312 pp.

Neste livro de memórias, a escritora russa narra as dificuldades de sua infância no Hotel Metropol, situado na mesma rua do Kremlin, sede do governo russo. Criada em uma família de intelectuais bolcheviques que perde seu status social após 1917, ela fala sobre adversidades como a constante falta de aquecimento e comida e o período que passa nas ruas.

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Livro de dezembro/2019

Os Testamentos. Margaret Atwood
Tradução de Simone Campos. Rocco. 411 pp.

Continuação de O conto da Aia, obra distópica de Margaret Atwood que deu origem à série televisiva The handmaid’s taleOs testamentos se passa quinze anos após os eventos do primeiro livro e revela a República de Gilead do ponto de vista de três personagens diferentes. Na trama, embora o regime teocrático se mantenha firme no poder, mesmo após as sucessivas tentativas de insurgência, há sinais de que suas engrenagens começam a se deteriorar.

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Livro de Novembro/2019

Anseios: raça, gênero e políticas culturais. bell hooks.
Tradução de Jamille Pinheiro. Elefante. 440 pp.

Reúne textos de crítica cultural publicados nos anos 1980 em que discute cultura popular, política e pós-modernismo. O livro traz análises dos filmes Faça a coisa certa, de Spike Lee, e Asas do desejo, de Wim Wenders, e dos escritos de Toni Morrison e Zora Neale Hurston.

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Livro de outubro/2019

Prólogo, ato, epílogo. Fernanda Montenegro
Companhia das Letras. 418 pp.

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Livro de setembro/2019
Das terras bárbaras. Ricardo da Costa Aguiar.
Tordesilhas  388 pp.

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Livros de agosto/2019

Um volume de entrevistas de Heloisa Buarque de Hollanda e outro de Luiz Felipe de Alencastro
Azougue Editorial (excepcionalmente dois lançamentos)

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Livro de julho/2019

A terra inabitável: uma história do futuro. David Wallace-Wells.
Tradução de Cássio de Arantes Leite. Companhia das Letras. 384 pp.

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Livro de junho/2019

O livro dos jardins. Ana Martins Marques,
Quelônio. 48 pp.

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Livro de maio/2019

Repórter. Seymour Hersh.
Tradução de Antônio Xerxenesky. Todavia. 384 pp.