Cinema,

4 livros que inspiraram filmes do Oscar 2020

Filmes baseados em obras literárias somam 25 indicações na premiação deste ano

06fev2020

Bolacha ou biscoito, o ovo ou a galinha, Beatles ou Rolling Stones, o livro ou o filme: eis algumas das indagações mais inquietantes do ser humano contemporâneo. Por sorte, de vez em quando, o universo nos brinda com concessões como esta. No campo cinematográfico-literário, a dúvida a respeito de qual é melhor, o original ou a adaptação, ganha particular força neste mês de premiação do Oscar. A 92ª edição do evento conta com cinco longa-metragens em competição inspirados em livros, todos disponíveis em edições brasileiras — juntos, estes filmes somam 26 indicações. Saiba mais sobre eles a seguir.

O Irlandês

O primeiro filme que une o cineasta Martin Scorsese e o trio de atores Al Pacino, Robert de Niro e Joe Pesci é também o mais longo (3h30) e mais caro (US$ 175 milhões) já feito pelo diretor. Baseado no livro de memórias do investigador e advogado norte-americano Charles Brandt, O irlandês: Os crimes de Frank Sheeran a serviço da máfia (Seoman, 2019, 320 pp., R$ 48), narra o caso de Frank "The irishman" Sheeran, um sindicalista com ligações com o crime organizado que, pouco antes de falecer, em 2003, confessou ter assassinado o líder sindical Jimmy Hoffa, desaparecido em 1975. O longa recebeu dez indicações ao Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante (Joe Pesci e Al Pacino), melhor roteiro original, melhor fotografia, melhor figurino, melhor direção de arte, melhor edição e melhores efeitos visuais.

Adoráveis mulheres

Katharine Hepburn, Elizabeth Taylor, Winona Ryder e Kirsten Dunst são alguns dos nomes que já deram vida às personagens femininas de Mulherzinhas (Penguin/Companhia das Letras, 2020, 592 pp., R$ 59,90), da norte-americana Louisa May Alcott. O clássico escrito em 1868, que narra a vida das irmãs March durante e após a Guerra Civil dos Estados Unidos, já teve oito adaptações ao cinema. A mais recente tem Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh e Eliza Scanlen interpretando o quarteto, e soma seis indicações ao Oscar: melhor filme, melhor atriz (Saoirse Ronan), melhor atriz coadjuvante (Florence Pugh), melhor roteiro adaptado, melhor figurino e melhor trilha sonora.

Jojo rabbit

Um garoto alemão que tem Hitler como amigo imaginário e fantasia sobre a doutrina nazista descobre que a mãe está escondendo uma menina judia em sua casa. Eis a trama central do romance O céu que nos oprime (Bertrand Brasil, 2020, 252 pp. R$ 42,90), da neozelandesa-belga Christine Leunens, usado como base para a sátira cinematográfica dirigida pelo também neozelandês Taika Waititi. O filme conta com seis indicações ao Oscar 2020: melhor filme, melhor atriz coadjuvante (Scarlett Johansson), melhor roteiro adaptado, melhor figurino, melhor direção de arte e melhor edição.

Dois papas

Roteirista de A teoria de tudo (2014), O destino de uma nação (2017) e Bohemian rhapsody (2018), Anthony McCarten assina também o roteiro de Dois papas, adaptado de seu próprio livro homônimo (BestSeller, 2019, 252 pp. R$ 39,90). No drama biográfico dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles, é notável a dinâmica entre Jonathan Pryce e Anthony Hopkins, que interpretam, respectivamente, o então Papa Bento XVI e o então cardeal de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio, hoje papa Francisco. Nomeado ao Oscar de melhor diretor em 2004 por Cidade de Deus, Meirelles não repetiu o feito com Dois Papas, mas o filme recebeu três indicações em outras categorias: melhor ator (Pryce), melhor ator coadjuvante (Hopkins) e melhor roteiro adaptado.

Bônus

Publicado em 1862, Os miseráveis (Martin Claret, 2014, 1511 pp. R$ 119,90), do francês Victor Hugo, teve pelo menos cinquenta adaptações para o cinema e para a televisão — incluindo uma telenovela brasileira exibida pela TV Bandeirantes em 1967. Embora não tenha inspirado diretamente o filme Os miseráveis — representante da França na categoria de melhor filme em língua estrangeira no Oscar 2020 —, é possível fazer uma ligação entre as duas tramas, à medida que o motim de junho de 1832 e as barricadas da Rua Saint-Denis, retratadas por Hugo, dialogam com as revoltas dos subúrbios parisienses de 2005, referência importante para o longa do malinês Ladj Ly. O filme dividiu o prêmio do júri no Festival de Cannes com o brasileiro Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.