Flip, Poesia,

Slam! Blam!

Batalha de poesias ocupa na noite de sexta o palco principal da Flip

08jul2019

Ainda que o slam poetry tenha marcado presença em edições anteriores da Flip, principalmente nas programações paralelas, esta é a primeira vez que assume protagonismo no festival, uma vez que é a atração principal da Tenda da Matriz na noite de sexta-feira. É a opinião de Roberta Estrela D’Alva, que fez a curadoria da apresentação em parceria com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, coletivo teatral do qual a atriz faz parte.

“É a primeira vez que você tem um jogo. O slam como performance, em que público, jurados, apresentadores e poetas estão ali nessa performance poética”, pondera. “Mas o slam como gira, como rito poético, como jogo poético, com público, é a primeira vez.”

Mas, afinal, o que é slam poetry? O slam é um campeonato de poesia falada criado por Mark Kelly Smith, um poeta de Chicago, na década de 1980, que queria pensar em formas mais livres de se fazer poesia, a princípio em sessões de microfone aberto em cafés. Hoje, segundo Estrela D’Alva, existem campeonatos de poesia falada em todo o mundo, e no Brasil, há mais de 150 comunidades que se voltam para essa performance em 22 estados.

“É uma praga que se espalhou, ainda mais numa onda em que a gente vem de silenciamento. São essas vozes que estão aí espalhadas”, explica a atriz, em entrevista ao podcast da Quatro Cinco Um. As regras dessa batalha são poesias próprias de no máximo três minutos sem acompanhamento musical. Os vencedores são escolhidos na hora por um júri popular.

Para o slam desta noite, a Flip contou com o apoio do Museu da Língua Portuguesa, e, a princípio, a ideia era trazer poetas só de língua portuguesa. Mas surgiu a oportunidade de trazer outros nomes que já tinham participado do Rio Poetry Slam, o Campeonato Mundial de Poesia Falada, um dos mais importantes do circuito internacional, que acontece na Festa Literária das Periferias (Flup), no Rio de Janeiro.

Para as seis vagas da Flip, a atriz e curadora passou por um processo “muito difícil”, pois teve de fazer essa escolha entre 72 poetas. Os escolhidos foram a brasileira Pieta Poeta, vencedora do Slam BR 2018; Edyoung Lennon, de Cabo Verde; Raquel Lima, de Portugal; Porsha Olayiwola, dos Estados Unidos; Salva Soler, da Espanha; e a britânica Joelle Taylor (via Programa Pontes).

De portas abertas para os slammers

Não é a primeira vez que poetas slammers se apresentam na Flip, mas é a primeira vez que uma batalha de slam é oficialmente integrada à programação. Em 2016, um sarau de poesia reuniu slammers de todo o país, inclusive Estrela D’Alva, que fez a curadoria da apresentação.

O teor dos poemas foi, em grande parte, de crítica social e as performances tiveram cunho político, e entre os participantes estavam Allan Jones, Emerson Alcade, Mel Duarte, Daniel Minchoni, Italo Moriconi, Sinhá e Chacal. Também houve duas convidadas estrangeiras: a peruana Gabriela Wiener e a britânica Kate Tempest, que declamou em inglês.

Em 2018, o Programa Educativo da Flip promoveu outra batalha, contando com o escritor e dramaturgo Luiz Silva, o Cuti; a slammer Letícia Brito e a poeta Isabella Puente, mais conhecida como Bell Puã. “Para o slam, estar na Flip significa visibilidade. Visibilidade para pessoas que ainda não sabem o que é o slam. Porque já existe toda uma rede não oficial que já está sabendo desse fenômeno”, conclui Estrela D’Alva.