Listão da Semana,

As histórias LGBTI+ no Brasil e mais 9 lançamentos

Chega às livrarias “Novas fronteiras das histórias LGBTI+ no Brasil”, coletânea de textos que abordam a diversidade no país

20jun2023 | Edição #70

Neste mês do orgulho LGBTQIA+ chega às livrarias uma coletânea de textos que abordam a diversidade de experiências de pessoas da sigla no Brasil. Para além do recorte sudestino, branco e elitizado, os artigos abordam temas como a história “queerindígena”, a homossexualidade na favela e a lesbianidade no cordel. Coorganizador do livro, Renan Quinalha acaba de assumir a nova seção LGBTQIA+ da Quatro Cinco Um.

Completam a seleção da semana o novo romance do Nobel J.M. Coetzee, um livro sobre a pintura política de Sérgio Sister, as memórias da companheira de Amós Oz, uma análise da biopolítica da beleza, duas histórias de Marguerite Duras e outras novidades quentinhas.

Novas fronteiras das histórias LGBTI+ no Brasil. Paulo Souto Maior & Renan Quinalha (org.).
Pref. James N. Green • Elefante • 608 pp • R$ 89 

A coletânea com 24 artigos inéditos sobre a história LGBTI+ no Brasil aborda temas como a história da homofobia no país no período colonial; as sexualidades dissidentes na Bahia oitocentista; as melindrosas, almofadinhas e transformistas na Belle Époque paulistana no início do século 20; as velhices gays nas publicações homoeróticas; a homossexualidade nas favelas; os desejos dissidentes entre mulheres indígenas e o cotidianos dos homossexuais nas ruas, nos cinemas e nos bares do Recife.

Leia também: Ensaio de Renan Quinalha, escritor e professor de direito, mostra o papel dos espaços públicos e semipúblicos dos grandes centros na consolidação do movimento LGBTI+

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A morte de Jesus. J. M. Coetzee.
Trad. José Rubens Siqueira • Companhia das Letras • 192 pp • R$ 69,90/37,90

No último volume da trilogia alegórica — inaugurada com A infância de Jesus (2013) e seguida de Jesus na escola (2016) —, o escritor e ensaísta sul-africano, ganhador do Nobel de 2003, relata os esforços de Simón e Inés para encontrar uma educação adequada para o menino David. Certo dia, após uma partida de futebol com os meninos de um orfanato, David se encanta com a possibilidade de viver na instituição e decide abandonar seus guardiões. Os livros se passam em um mundo ficcional, utopicamente igualitarista, onde a memória não existe.

Leia também: Ensaios críticos do autor sul-africano J. M. Coetzee trazem a escrita afiada do vencedor do Nobel voltada a outros escritores e suas obras

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Imagens de uma juventude pop: pinturas políticas e desenhos da cadeia. Sérgio Sister. 
Nara Roesler Livros • 112 pp • R$ 96

O volume reúne reproduções dos primeiros trabalhos do artista Sérgio Sister acompanhados de um texto de sua autoria e ensaios de Luis Pérez-Oramas, Camila Bechelany e Tadeu Chiarelli, além de uma entrevista com Sister feita por Cynthia Garcia. O livro foi lançado em 2019 em Nova York mas, devido à pandemia, só está sendo publicado agora no Brasil.

Leia também: Integrante da primeira geração a ter acesso amplo à internet, Bruno Dunley aprendeu a fazer pintura no diálogo com artistas mais experientes como Sérgio Sister

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Meu Amós. Nili Oz. 
Trad. Paulo Geiger • Companhia das Letras • 144 pp • R$ 69,90/37,90

Arquivista na Agência Judaica, Nili Zuckerman foi casada com Amós Oz de 1960 a 2018, quando ele morreu de câncer. Nesse livro de memórias, ela reconstrói seu convívio com o escritor, descrevendo seus traumas de infância (como o suicídio da mãe), a rotina no kibutz Hulda, sua participação nas Forças de Defesa de Israel nos conflitos com a Síria e na Guerra dos Seis Dias, a publicação dos primeiros livros e o sucesso como escritor depois do lançamento de Meu Michel (1968). 

Leia também: Em texto exclusivo, escritora israelense presta homenagem a seu conterrâneo Amós Oz, morto em dezembro de 2019

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A biopolítica da beleza: cidadania cosmética e capital afetivo no Brasil. Alvaro Jarrín. 
Trad. Vera Ribeiro • Editora Unifesp • 384 pp • R$ a definir

Um estudo de campo realizado em hospitais brasileiros pelo docente no College of the Holy Cross (EUA) mostra que a beleza se tornou um objetivo da saúde nacional no Brasil: ela constitui uma forma de valor (um “capital afetivo”) e está associada às hierarquias da sociedade brasileira. O livro reconstitui a história dessa preocupação com a beleza e sua inspiração na eugenia brasileira, que estabeleceu a beleza como um sinal do aprimoramento racial da nação, e revela de que maneira os cirurgiões plásticos se tornaram proponentes da raciologia da beleza, usando-a para ganhar o apoio do Estado.

Leia também: Na Documenta de Kassel, maior mostra de arte do mundo, a estética cede protagonismo às experiências sociopolíticas

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Olhos azuis, cabelos pretos & A puta da costa normanda. Marguerite Duras.
Trad. Adriana Lisboa • Relicário • 172 pp • R$ 62,90

Escrito em 1986, o romance Olhos azuis, cabelos pretos descreve um jovem casal que, num quarto de uma casa à beira-mar, lamentam a ausência de alguém que exerce um intenso fascínio sobre ambos. O relato se inspira na complexa relação afetiva vivida por Duras com seu amante homossexual, Yann Andrea, 38 anos mais jovem do que ela. Já A puta da costa normanda é um texto biográfico redigido por Duras na mesma época e expõe os bastidores da confecção do romance: Yann Andrea o datilografou numa máquina de escrever, mas ficava criticando sua amante por seu empenho em ficar escrevendo, o que não deixava espaço para que eles saíssem e aproveitassem a vida.

Leia também: Em livro de Marguerite Duras, a experiência amorosa se afasta da representação idílica para ser fonte de angústia contínua

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Vapt-vupt
+ novidades quentinhas

As velhas. Adília Belotti.
Jandaíra • 128 pp • R$ 53

Reúne doze contos da jornalista, criadora do Clube dos Escritores 50+, sobre mulheres idosas de São Paulo que não se encaixam nos batidos estereótipos sobre os velhos descansando em cadeiras de balanço. Pelo contrário, estão imersos na agitação urbana e vivem intensamente nos espaços públicos. 

O tenente Quetange. Iuri Tyniánov.
Trad. Aurora Fornoni Bernardini • Editora 34 • 96 pp • R$ 48

A novela publicada em 1928 pelo grande crítico literário russo — autor de Da evolução literária (1927) — tem a estrutura de um roteiro cinematográfico, com capítulos breves e linguagem quase telegráfica. A trama, ambientada no século 18, durante o reinado do tsar Paulo I, é uma sátira da autocracia russa na época de Stálin e critica o processo de burocratização da vida cotidiana.

Poemas coligidos (1983-2023). Rodrigo Garcia Lopes.
Kotter • 632 pp • R$ 167,90

A edição especial traz sete obras poéticas do escritor e ensaísta paranaense, tradutor de Rimbaud, Walt Whitman, Laura Riding e Sylvia Plath. O livro traz uma fortuna crítica, com estudos de Flora Süssekind, Silviano Santiago, José Castello, Caetano Galindo, Marjorie Perloff e Manuel da Costa Pinto.

Formiguinhas. Natalia Borges Polesso.
Ils. PriWi • FTD Educação • 32 pp • R$ 51 

Ganhadora dos prêmios Jabuti e Açorianos, a escritora gaúcha lança seu primeiro livro infantil, inspirado em um conto de seu livro Recortes para álbum de fotografia sem gente (Não Editora, 2013). Na trama, uma menina, munida de uma lupa imaginária feita de arame, observa formiguinhas que devoram uma aranha e fica pensando na bala que não deveria estar comendo antes do almoço.

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Quem escreveu esse texto

Marília Kodic

Jornalista e tradutora, é co-autora de Moda ilustrada (Luste).

Mauricio Puls

É autor de Arquitetura e filosofia (Annablume) e O significado da pintura abstrata (Perspectiva), e editor-assistente da Quatro Cinco Um.

Matéria publicada na edição impressa #70 em maio de 2023.