Literatura brasileira,

Quem é Machado de Assis?

150 anos depois da publicação de seu primeiro romance, o quebra-cabeça legado pelo escritor continua a ser montado

27maio2022 | Edição #58

Há 150 anos, um escritor cheio de hesitações e modéstia vinha a público para apresentar um “ensaio em gênero novo”, pedindo aos leitores benevolência, franqueza e justiça. Concluía a “Advertência” de seu livro Ressurreição, datada de 17 de abril de 1872, delegando à crítica a responsabilidade de dizer se a obra correspondia ao intuito “e sobretudo se o operário tem jeito para ela”. E arrematava o prólogo com um comovente “É o que lhe peço com o coração nas mãos”. Hoje, dificilmente alguém diria que o operário não tinha jeito para a coisa. Os grandes feitos de Machado de Assis como romancista tendem à unanimidade — das poucas que atravessaram o século e sobraram num país e num mundo divididos em relação a quase tudo.

Sabendo o que veio depois da estreia, supomos que ele sabia bem o que estava fazendo. Usando o conhecidíssimo artifício retórico da captação da benevolência, construía um prólogo em que punha a nu a retórica dos prólogos — inclusive do seu próprio —, o que servia de preparação e amortização do efeito da pequena bomba que lançava em direção a tudo e a todos que até então haviam publicado livros com o rótulo “romance brasileiro”. Como quem não quer nada, dizia — maliciosamente, pela negativa — o que não queria: “Não quis fazer romance de costumes”. Era justamente o que quase todos os seus antecessores buscaram, carregando e às vezes sobrecarregando as narrativas de assuntos, tipos e costumes locais. Em uma frase, destacava-se dos seus pares, tais como Joaquim Manuel de Macedo, José de Alencar, Bernardo Guimarães e o visconde de Taunay, os grandes romancistas brasileiros vivos à época.

Singelamente, propunha fazer o “esboço de uma situação e o contraste de dous caracteres”. Dirigia o foco para um homem que não consegue viver com plenitude o amor, atormentado por dúvidas e desconfianças geradas pelo ciúme. Ao apaixonar-se por uma viúva, pensa mais ou menos assim: se ela foi capaz de esquecer o marido para se casar de novo, por que não seria capaz de esquecer-me e amar a outro? Quase três décadas antes de Dom Casmurro, está aí em esboço o homem poderoso e cheio de imaginação, com consequências desastrosas para si e para todos os que o cercam.

Ao afastar-se deliberadamente do que faziam seus pares, e como quem não quer nada, alinhava-se a ninguém menos que Shakespeare: “Minha ideia ao escrever este livro foi pôr em ação aquele pensamento de Shakespeare: ‘Our doubts are traitors,/ And make us lose the good we oft might win,/ By fearing to attempt.’”. Na tradução que dá para os versos: “São as nossas dúvidas uns traidores, que nos fazem perder muita vez o bem que poderíamos obter, incutindo-nos o receio de o tentar”.

Machado utilizou mais de oitenta assinaturas diferentes em algo como 2 mil textos atribuídos a ele

A frase anunciava não só o que viria nas páginas seguintes, mas muitas coisas futuras. A tradução já apresenta uma torção notável ao atribuir o adjetivo masculino “traidores” ao substantivo feminino “dúvidas”, inscrevendo na conjugação insólita muitos dramas que envolvem as relações e os desencontros entre os gêneros, matéria farta nos escritos de Machado. Dom Casmurro e Esaú e Jacó que o digam. Mas a referência shakespeariana não apontava apenas para o futuro. Ela se referia também a uma trajetória de mais de uma década no teatro, como autor e crítico, atividades às quais se dedicou com afinco nos anos 1850 e 60.

Estreante no romance, o escritor, então com 32 anos, estava longe de ser um novato. Publicava regularmente poemas, crônicas e críticas em jornais e revistas. Ressurreição sucedia a quatro livros de teatro (Desencantos, Teatro, Quase ministro, Os deuses de casaca), dois de poesia (Crisálidas e Falenas) e Contos fluminenses, títulos hoje ofuscados pelas obras que o consagraram.

Atualmente, a existência de Machado de Assis só é amplamente reconhecida a partir das Memórias póstumas de Brás Cubas, porta de entrada da maioria dos leitores para o seu universo, o que geralmente se dá no ambiente escolar. O que a escola raramente ensina é que o livro de 1881 corresponde a um ponto bastante avançado na trajetória do escritor. É o seu 14o livro, publicado vinte anos depois da estreia nesse formato. Não é, portanto, nem início nem fim, mas um meio de caminho avançado, em um percurso que se estendeu por mais de quarenta anos e compreendeu 26 títulos.

Junto com Quincas Borba, Dom Casmurro e uma dúzia de contos, Brás Cubas constitui a parte mais visível, extravagante e ousada de um continente submerso, composto de livros nos quais Joaquim Maria Machado de Assis definiu e imprimiu na capa seu nome de autor — “Machado de Assis”. A escolha precoce, já no primeiro livro, de 1861, aos 22 anos, surpreende por ter sido feita pelo mesmo escritor que ao longo da vida utilizou mais de oitenta assinaturas diferentes em algo como 2 mil textos atribuídos a ele, produzindo um quebra-cabeça complexo que há mais de século desafia leitores e intérpretes a entender quem foi — e quem é — Machado de Assis.

Mesmo em sua feição mais conhecida, a do romancista, não é fácil encontrar correspondências entre Helena, Brás Cubas e Esaú e Jacó. Ou distinguir o que pode ser atribuído à visão de mundo do homem, o que fica na conta do autor e o que se refere aos autores ficcionais, narradores, sujeitos poéticos e personagens que ele inventou. Boa parte da melhor crítica do século 20 procurou resolver essas questões e desembaraçar essas instâncias, não raro chegando a paradoxos e aporias.

Firmou-se a opinião de que sua poesia era ruim em proporção inversa ao que acontecia com sua prosa

Quando se junta tudo — o poeta, o crítico, o comediógrafo, o cronista, o contista, o romancista e o autor de textos de circunstância —, o desafio torna-se vertiginoso. Como entender, por exemplo, que no mesmo ano de Brás Cubas publicou Tu só, tu, puro amor…, peça em homenagem ao tricentenário de morte de Camões e encenada com a presença da família imperial? Não devia considerá-lo um mero texto de circunstância, feito por encomenda, já que o fez imprimir de novo em 1899, em Páginas recolhidas.

Vale lembrar que o escritor não renegou nada do que escreveu. Na altura dos sessenta anos, reeditou grande parte dos poemas publicados quando estava na casa dos vinte e dos trinta, acrescentando um novo conjunto com trinta inéditos em livro. Nas reedições de seus quatro romances anteriores a Brás Cubas, fez questão de reconhecer as diferenças e também reafirmar o percurso. Na de Ressurreição, em 1905, observa que o romance “pertence à primeira fase da minha vida literária”, mas nem por isso lhe altera a composição ou o estilo, limitando-se a trocar duas ou três palavras. A propósito da nova edição de Helena, em 1905, diz que “cada obra pertence a seu tempo”, e de A mão e a luva, em 1907, que “tudo pode servir a definir a mesma pessoa”.

Um longo percurso

A amplitude e a diversidade dos escritos de Machado de Assis, além de causar perplexidade, deixam claro que a invenção, a irreverência e a espantosa liberdade que vemos nos escritos da década de 1880 resultam de um longo processo, que se pode observar nessa série de textos relegados a segundo e terceiro planos, quando não esquecidos. Neles, a formação do escritor cioso da técnica e da tradição vai se dando pela disciplina rigorosa, pela constituição de um impressionante repertório de leituras e do domínio muito consciente dos vários gêneros que pratica, em suas especificidades e em suas possibilidades de intersecção.

O diálogo com o legado cultural do Ocidente é particularmente notável nos livros de poemas, em que as referências vão dos textos sagrados aos da Antiguidade clássica, do cancioneiro medieval português aos contemporâneos brasileiros, dos clássicos aos românticos e realistas, transitando pelas tradições portuguesa, francesa, anglo-saxã, espanhola e italiana. Há até incursões pela poesia oriental, como na coleção de oito poemas intitulada Lira chinesa. As dezenas de epígrafes e as centenas de citações e alusões presentes nos três livros de poemas publicados entre 1864 e 1875, Crisálidas, Falenas e Americanas, formam uma constelação de nomes e uma enciclopédia de temas de amplitude espantosa, especialmente para um poeta na casa dos vinte e dos trinta anos.

Para além da sua aplicação no domínio do repertório e da técnica, Machado também preparou o terreno no qual lançaria seus elegantes petardos (os contemporâneos acusaram mais a elegância do que os golpes), como se vê na preocupação com a reação dos leitores e da crítica expressa na “Advertência” de Ressurreição. Fez isso com maestria por meio das relações pessoais e institucionais que construiu ao longo da vida. Não só foi amigo de homens muito bem colocados (Quintino Bocaiuva, José de Alencar, Salvador de Mendonça, Joaquim Nabuco, Magalhães de Azeredo) como participou desde jovem de muitos clubes e sociedades, culminando com a mais importante delas — a Academia Brasileira de Letras, que ajudou a fundar e presidiu até a morte.

No caso da poesia, a elegância e a erudição tiveram efeito poderoso sobre os contemporâneos, que continuavam a se referir a ele como grande poeta anos depois da publicação dos grandes contos e romances. Ao longo do século 20, em parte pelo rótulo de “parnasiano”, cristalizou-se a opinião de que sua poesia era desinteressante e ruim, em proporção inversa ao que acontecia com parte de sua prosa, que era monumentalizada e passava a atrair quase toda a atenção dos leitores e da crítica. Nas duas últimas décadas, tem havido esforço de recuperar a poesia, com edições cuidadosas e abrangentes, mas a produção crítica sobre os poemas, salvo algumas poucas exceções, permanece rarefeita.

Ainda que o resultado esteja muito aquém do que obteve em contos e romances, nota-se na poesia a formação do amplo repertório, tratado com uma seriedade volta e meia corroída pelo cômico. Essa mistura tem muito a ver com o recurso ao pastiche e o gosto pela paródia, ridicularizado na prosa por meio dos oradores de sobremesa e dos poetas e narradores pretensiosos, e também por procedimentos de escrita que alcançam o efeito de uma “poesia envenenada”, para lembrar a caracterização de Roberto Schwarz para a prosa de Dom Casmurro.

No início de tudo, entretanto, havia o teatro, bastante negligenciado e frequentemente referido como corpo estranho no conjunto da obra, embora Machado tenha exercitado ali a construção de diálogos precisos. O título do primeiro livro, Desencantos, de 1861, já anuncia a perda das ilusões e o convite para “cair na real”, com graça, marcas distintivas do escritor.

O volume de estreia, que se apresenta como uma “Fantasia dramática”, conta a história singela de um homem sonhador e idealista que perde para o rival prático e objetivo a disputa por uma viúva. O preterido parte para uma viagem de cinco anos pelo Oriente enquanto o casal triunfante vive as decepções do casamento. O retorno do viajante e o reencontro com as personagens do passado levam a peça a um desfecho surpreendente.

Já nesse primeiro livro, o ciúme, esse “espírito belicoso”, dinamiza o triângulo amoroso. Num dos seus vértices, há uma viúva, personagem recorrente em Machado. A protagonista de Ressurreição, Lívia, e a do livro derradeiro, Memorial de Aires, são viúvas. A do Memorial, de nome malicioso, motiva uma aposta que constitui o ponto de partida da história e se apresenta ao leitor como uma dúvida: Fidélia permanecerá fiel ao marido morto?

Os desejos frustrados e os desencantos — com a vida, com o Brasil e com o mundo — certamente ganham amplitude e complexidade à medida que o escritor talentoso acumula recursos para dizer o que quer, muitas vezes sem dizê-lo explicitamente. Entretanto, esse universo complexo é construído a partir de tipos de personagens, situações e recursos de escrita recorrentes no conjunto da obra, o que permite encontrar convergências em textos de momentos diversos, caso de Desencantos (1861), Ressurreição (1872) e Memorial de Aires (1908).

As conexões entre os textos de vários tempos e gêneros foram se tornando menos visíveis à medida que crescia a reputação do escritor. Sua consagração nacional, ainda na primeira metade do século 20, contribuiu para a ênfase nos resultados artísticos das grandes obras, deixando de lado quase tudo que veio antes de Brás Cubas, em grande medida relegado ao esquecimento puro e simples ou à desvalorização sumária, como se fossem desvios de rota ou estorvos que deporiam contra sua genialidade.

A ideia do autor twice-born, ou que deu um salto sobre si mesmo, produzindo uma ruptura no interior de sua obra, dividida em duas fases, duas escolas (romantismo e realismo) e seccionada em gêneros estanques, levou à valorização do romancista e do contista em detrimento de tudo o mais. Por um lado, os cortes servem para purgar o nome do escritor de suas incongruências, contradições e eventuais fraquezas, ressaltando os grandes feitos. Por outro, instalam no interior do nome “Machado de Assis” a relativização daquilo que conseguiu.

Os elogios vieram de par com as cobranças: pouco brasileiro, pessimista, alheio a questões sociais e políticas

Embora tenha sido muito festejado, impressiona como as leituras de Machado de Assis sempre estiveram pontuadas por diversos senões. Os elogios à elegância, à correção da escrita, ao estilo inigualável sempre vieram acompanhados de cobranças, algumas bastante agressivas, tanto dos contemporâneos como dos pósteros: pouco brasileiro, lusitano e/ou clássico demais, imitador de franceses e ingleses, negativo ou pessimista, afetado, alheio às questões sociais e políticas do seu tempo, evasivo em relação à sua origem étnico-racial etc.

A antologia Escritor por escritor: Machado de Assis segundo seus pares (Imprensa Oficial, 2018), organizada por Ieda Lebensztayn e por mim, mostra como ao longo de cem anos os elogios a Machado frequentemente vão de par com a cobrança pelo que não fez, os assuntos de que não tratou ou as posições que não tomou explicitamente. No fundo, questiona-se o escritor por ter chegado aonde chegou. Como se houvesse um atrevimento imperdoável, um descompasso perturbador entre a origem modesta e as altas realizações. A pergunta cruel e racista de Brás Cubas a respeito de Eugênia, a “mocinha morena”, parece atravessar em surdina muitos daqueles textos: Por que genial, se negro e pobre? Por que negro e pobre, se genial?

Questiona-se o escritor por ter chegado aonde chegou, como se houvesse um atrevimento imperdoável

Ao retomar o que Machado escreveu, livro a livro, percebem-se a coerência e consequência de sua trajetória, o que obviamente inclui hesitações, desvios, contradições e resultados desiguais. São questões que interessavam ao escritor e foram postas em cena desde muito cedo, como nas dúvidas shakespearianas que, como vimos, dão o mote para Ressurreição, protagonizado por Félix, o primeiro herói romanesco, agora com 150 anos: “Não se trata aqui de um caráter inteiriço, nem de um espírito lógico e igual a si mesmo; trata-se de um homem complexo, incoerente e caprichoso, em quem se reuniam opostos elementos, qualidades exclusivas, e defeitos inconciliáveis”.

A música implícita

A dinâmica entre exaltações e senões estende-se ao próprio registro da língua. Desde a primeira coletânea de seus textos, publicada em 1921 na Estante clássica da Revista de Língua Portuguesa, dirigida por Laudelino Freire, o mecanismo está em ação. O antologista recorre ao discurso de Rui Barbosa no sepultamento de Machado, uma louvação feita por uma série de negativas: “Não é o clássico da língua; não é o mestre da frase; não é o árbitro das letras; não é o joalheiro do verso, o exemplar sem rival entre os contemporâneos da elegância e da graça, do aticismo e da singeleza no conceber e no dizer; é o que soube viver intensamente da arte, sem deixar de ser bom”.

Aos elogios seguem os reparos sobre a sua escrita, distribuídos entre 87 notas que ocupam mais de trinta páginas ao final do volume. Em uma delas, sobre um conto de juventude, “Virginius”, Freire pinça esta passagem: “O meio foi escravizá-la. Peitou um sicofanta, que apresentou-se aos tribunais reclamando a entrega de Virgínia, sua escrava”. O interesse pelo trecho não passa pelo drama da personagem, recaindo exclusivamente sobre a colocação do pronome “se” depois do verbo, e não anteposto a ele, o que considera uma “inobservância das normas fundamentais prescritas para a sínclise pronominal”. Com a melhor das intenções, o compilador severo aponta também para deslizes de ortografia, concordância, regência, uso de crase, galicismos etc. A antologia vai assim normalizando a escrita de Machado de Assis, registrada em edições supervisionadas por ele, nas quais os usos nem sempre obedecem a regras gramaticais, que só passaram a ser dominantes no século 20.

É como se a dicção dos narradores e a das personagens — e também do próprio escritor, por que não? — não pudessem comportar irreverência, estranhezas e “erros”, muitos dos quais, diga-se, só se configurariam como tais posteriormente ao tempo do escritor. Historicamente, a “correção” do texto incide de forma muito particular na pontuação. Há em Machado uma profusão de travessões, combinados com vírgulas e pontos e vírgulas, estes usados em lugar de dois-pontos, e vice-versa, sugerindo hesitações, justaposição de vozes e um ritmo de leitura peculiar. São marcações das quais o escritor foi muito cioso, como se nota nas edições que acompanhou e nos manuscritos que chegaram até nós.

A pontuação e a cadência das palavras nos textos de Machado, mesmo quando nos soam estranhas, lembram uma notação musical. Constituem registros, ainda que indiretos, dos hábitos de fala e de escrita de um tempo e lugar, o Rio de Janeiro da segunda metade do século 19 e início do 20. Ali, a fala e a escrita de imigrantes, especialmente do norte de Portugal, conviviam com as de afrodescendentes — como se deu na família de origem do escritor, filho de brasileiro pardo, segundo a terminologia da época, com uma portuguesa branca dos Açores, assim como na família que constituiu com Carolina Xavier de Novais, portuguesa do Porto — e também com as referências europeias dos círculos letrados frequentados por ele.

Um século e meio depois da estreia do romancista, ainda sabemos pouco sobre a abrangência do nome Machado de Assis, e seus escritos aguardam olhares mais abrangentes que realizem a proposta formulada por Silviano Santiago há mais de cinquenta anos (“Já é tempo de se começar a compreender a obra de Machado de Assis como um todo…”) e uma escuta atenta à música muito peculiar que cifrou em seus textos.

Nota do editor
Para 2023, Hélio de Seixas Guimarães prepara o projeto Todos os livros de Machado de Assis, coleção com os 26 livros que Machado publicou em vida e que será lançado pela Todavia com apoio do Itaú Cultural.

Quem escreveu esse texto

Hélio de Seixas Guimarães

É professor livre-docente da USP e pesquisador do CNPQ.

Matéria publicada na edição impressa #58 em fevereiro de 2022.